quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Artigo: Um ParTido sem confiança



O Brasil está vivendo momentos difíceis. É uma falta de vergonha sem limites. Casos de corrupção descarados, tentativa de esconder tudo debaixo do tapete e fingir que não houve nada, de planejar fugas para retirar do circuito as testemunhas que podem comprometer, como tentou o senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Ele planejou a fuga do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, preso na Operação Lava Jato, para evitar que, na delação premiada, este viesse a incriminá-lo, revelando o recebimento de propinas com dinheiro desviado da estatal petrolífera.
O senado Delcídio do Amaral era o líder do governo federal no Senado, uma representatividade muito alta, pois esse status lhe dava a condição de negociar com parlamentares da maior casa legislativa do País os projetos de interesse do Palácio do Planalto, de intermediar negociações com empresários e políticos de uma forma geral.
Aos poucos foram aparecendo os detalhes da participação de Delcídio no esquema do petrolão, que solapou e depenou a Petrobras. O senador, na tentativa de obstruir as investigações, acabou preso e colocou o governo em situação desagradável, deixando a impressão que todo mundo age da mesma forma.
O maior representante do partido de Delcídio, o ex-presidente Lula, veio a público e emitiu um parecer que honra, pela clareza concisa, a categoria dos especialistas em casos de polícia: “Coisa de imbecil. Uma burrada”. Entende-se, então, que ele poderia ter feito a coisa errada, porém deveria permanecer calado, na surdina. Para Lula, só merecem respeito, além do selo de “inocente” ilustrado pela estrelinha do PT, delinquentes de estimação que se esmeram na ocultação de provas do crime. Esses são bons companheiros, gente fina, inteligente, como bem disse o jornalista Augusto Nunes em sua coluna na revista Veja.
E a presidente Dilma, foi mais além, ao revelar que ficou “surpresa” e “perplexa” com a prisão do senador. “Obviamente que fiquei bastante surpresa com a prisão do senador Delcídio. Não tenho nenhum temor sobre a delação do senador Delcídio. “Fiquei perplexa porque jamais esperei que isso pudesse acontecer com o senador”, disse Dilma, ao ser questionada por jornalistas sobre como recebeu a notícia da prisão do líder do governo, e se teria preocupação com uma eventual delação premiada feita por ele.
Mas o medo impera em Brasília. Os que têm “rabo preso” estão suando frio e vivem momentos de aflição. Os petistas do Senado, bem como o presidente do partido, Rui Falcão, hipocritamente, vieram a público para sugerir a cassação imediata do senador Delcídio. No momento em que o político mais precisava de apoio, o partido lhe vira as costas e o joga no cova dos leões. Ou seja, partindo-se da premissa da afirmação de Lula, eles diriam que fez a burrada, agora que se dane.
Eles deveriam cassar sim, não só o senador Delcídio do Amaral, mas todos os filiados que estão envolvidos no esquema de corrupção, e devem ser muitos. É inconcebível como eles tratam a coisa pública e o que fazem para se manter no poder.
A respeito disso, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse, dias atrás, que a adoção de determinadas políticas públicas, hoje, com finalidade exclusivamente eleitoral é uma compra de votos moderna.
O ministro citou episódios ligados à reeleição da presidente Dilma Rousseff. “Nessa campanha, a presidente Dilma disse, como candidata: nós fazemos o diabo para ganhar a eleição. O presidente Lula disse, em algum momento, na presença da candidata Dilma: ‘eles não sabem o que nós somos capazes de fazer para ganhar a eleição’. Agora a gente sabe o que eles podem fazer para ganhar a eleição, mas não na urna, em outro campo.”
Espero, sinceramente, que a Justiça consiga levar a Operação Lava Jato até o fim e que, não só os empresários envolvidos no esquema, mas também os políticos que participaram da maior roubalheira de dinheiro público sejam trancafiados na cadeia e paguem, civil e criminalmente, pelos seus erros, amargando as agruras do xadrez e devolvendo o dinheiro desviado aos cofres públicos.
Para piorar o quadro de desgraças que vive o País, o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acatou pedido de impeachment contra Dilma. Cunha o fez por vingança, ao saber que os três deputados petistas que integram o Conselho de Ética votariam a favor da continuidade de processo contra ele. O deputado peemedebista é acusado de ter recebido propina do petrolão, manter quatro contas na Suíça, com volumes altos de dinheiro e ainda de mentir na CPI, o que configura quebra de decoro parlamentar.
Dilma e Cunha trocaram farpas em público o ano inteiro e agora correm o risco de morrerem abraçados, sem chances de se salvarem das acusações que lhe são impostas. O impeachment contra Dilma reporta-se às pedaladas fiscais, pelo fato de o governo ter utilizado dinheiro de bancos oficiais para cobrir despesas, que, para as quais não tinha provimento em caixa para bancá-las.
Enquanto esses processos estiveram correndo, nenhum investidor ou mesmo empresário brasileiro terá coragem de fazer qualquer investimento. Ou seja, o Brasil mergulha na mais profunda crise política, com consequências desastrosas na economia. Vai demorar para recuperarmos o prestígio e capacidade de crescimento. Por enquanto, o que veremos, serão recessão, desemprego e muita dificuldade para o trabalhados e para as famílias brasileiras. Só Deus para nos salvar!

Carlão Pignatari – Deputado Estadual, líder da Bancada do PSDB e coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista na Assembleia Legislativa


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